1. O jovem ardina: Amar
Na mesma lanchonete, tomando o mesmo café com aquele gosto de despertar, e a movimentação de pedestres em frente, de sempre. O Dr. Gilberto um bacharel em direito, estava cansado dessa rotina tão repetitiva que até mesmo sentia vários dejavu. O seu cotidiano lhe deixava exausto, não por tamanhas tarefas, mas por ser monótono. Ser advogado tinha os seus desafios, mas este doutor carregava uma grande paixão pela a sua profissão, visto que, tinha prazer em ajudar as pessoas, e não era surpresa este homem de cinquenta anos ser bem sucedido em todos os seus casos, assim sendo, queria algo diferente em que pudesse mudar a vida de alguém, mas não encontrava como o faria. Talvez ele só estivesse entediado.
O Dr. Gilberto bebericou o seu café que esfumava em seu rosto, ele não queria ser ingrato, mas tudo se repetia todos os dias, o garçom mal-humorado, a mulher que passava vendendo pães caseiros, e o jovem ardina na ponta da calçada a gritar vendendo os seus jornais, este rapaz anunciava notícias recentes e sempre mencionava sobre um garoto de cinco anos desaparecido. “Será possível que todos os dias uma criança de cinco anos some?“ questionou-se o advogado. Então ele tomou a decisão de ir até o jovem.
- Eu quero o jornal do garoto de cinco anos desaparecido. - Pediu separando o dinheiro.
-Sim! - o garoto arregalou os olhos e rapidamente separou o jornal
- o senhor conhece o menino desaparecido? - perguntou o rapaz curioso ao entregar o noticiário. O Dr. Gilberto observou a foto da criança no jornal e balançou a cabeça negativamente.
-Conhece a família da criança? - interrogou ao homem.
-Não.
-Conhece alguém próximo a família dele?
-Não.
-Tem certeza? porque...
-Eu só quero lê o jornal! - falou com rispidez interrompendo o garoto e voltou a sua mesa sem desgrudar os olhos da notícia, e não percebeu que o garçom mal-humorado limpava a mesa.
-Ele faz isso com todo mundo. - Informou de repente, passando o pano na mesa devagar. Quando o Dr.Gilberto olhou para o garoto, ele havia parado de gritar e estava sentado na calçada cabisbaixo. O garçom bufou e se retirou. E ele retomou a lê o seu jornal e notara que a notícia era antiga, há oito anos. Levantou-se nervoso, ensaiando o seu discurso contra o vendedor de jornais.
-Vendeu-me um jornal antigo! - gritou furioso. O garoto levantou assustado com o berro, mas depois desmanchou seu olhar em desapontamento.
- Senhor... -Irei processá-lo por engano. -Por favor me escute, a criança desaparecida sou eu. - Revelou o menino quase em um sussurro antes que o advogado furioso se afastasse. O homem parou, encarou o jovem e, um mar de perguntas se formou no lugar da raiva.
-O que disse? - Mais calmo, se aproximou outra vez do menino.
O Dr. Gilberto o convidou a tomar um café com ele, e naquela tarde o garoto contou sua história. E passou a ser do conhecimento do advogado que o menino se perdeu dos seus pais em um aeroporto e, logo após um homem desconhecido o achou e lhe deu esperança que acharia seus pais, e assim durante cinco anos o jovem ardina chamado Eduardo alimentava a expectativa de algum dia ter com seus pais. E em todo esse tempo o sujeito o obrigava a trabalhar vendendo jornais.
Em um dia , cansado dessa vida, determinado a mudar aquela situação, foge correndo para longe do oportunista. Com uma certa distância, pausou para tomar o fôlego e avistou um jornal de uma criança desaparecida jogado no lixo.
Ao reconhecer o seu próprio rosto no noticiário que seus pais haviam colocado na esperança de encontrá-lo, passa a anunciar a folha para reencontrar sua família. E por três anos não desistiu um só minuto, sonhava e desejava grandemente rever seus pais.
Durante trinta anos de carreira o Dr. Gilberto nunca viu alguém com tanta persistência como aquele brilhante garoto de treze anos. E então declarou que não sossegara até conseguir encontrar seus pais.
E o advogado se dispôs a quebrar sua rotina e, prestigiou a gratificação daquele tão esperado reencontro, a cena do filho abraçando seus pais que derramavam abundantes lágrimas, permaneceu na memória do Dr. Gilberto.
Toda vez ao sair de casa, o legista olhava-se no espelho, sorria, depois apontava para o seu reflexo dizendo: “A mudança que o mundo precisa, começa defronte ao espelho.” O amor existe em todo os corações, ao olhar em volta vemos o efeito transformador de um coração que sabe amar.
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