4. Paixão de um violonista: Superação


Daniel está diante de todas aquelas pessoas, a plateia o assiste com expectativa, alguns olhares críticos e severos. Suas mãos começam a tremer, o instrumento escorrega de suas como se tivesse passado óleo. Ele está sozinho no palco e, ninguém mais, o silêncio o assusta, pode-se ouvir até mesmo a sua própria respiração. No entanto, tenta controlar-se endireitando-se, porque é o seu momento de resgatar o que se perdeu, recuperar a paixão de um violinista. 

 
       Daniel Lopes era um jovem completamente apaixonado pela a música, quando era mais novo nunca reclamou em ter que ir com sua mãe assistir um espetáculo de orquestra, e o seu favorito era os violinistas. Os dois se divertiam em passear no mesmo lugar todo final de semana, o espetáculo era maravilhoso aos olhos daquele garoto, a cada ritmo, a cada som, tudo era tão perfeito e impressionante. Sua mãe Melinda também contemplava a arte.
- Mãe? – Chamou-a Daniel. – as luzes são tão fortes sobre os artistas, é para que eles possam aparecer mais, se destacarem? – perguntou o menino.
- Claramente seja isso, meu filho. Mas - ela olhou para o palco, puxando Daniel para mais perto dela - , veja a verdadeira luz que mora dentro de cada um deles, isso é o que os deixa mais iluminados do a luz de fora, o que nos traz a emoção é o brilho natural deles.
Os olhos de Daniel cintilavam sem parar, observando cada musico, e realmente cada um aparentava ter um brilho único. E desde pequeno até a sua puberdade, ele observava apaixonado o som aguçado do equipamento, o movimento das mãos e do corpo junto a melodia. Daniel conseguiria ficar o dia inteiro só contemplando esta cena, ao lado de sua mãe.

Entre conversas com seu filho ocorre que Melina em começa a conhecer a sua paixão pelo violino, mas, seria impossível não reparar , o jovem escutava musicas que envolvia o instrumento o tempo todo e implorava para que a ela o levasse em shows de instrumentos, qualquer que seja, desde que tivesse o violinista. Melinda foi até uma loja de instrumentos da região, e por não conhecer muito bem o violino pediu para que a vendesse o melhor que eles tinham da loja, mesmo que tivesse que financiar, Melinda queria presentear seu filho com este instrumento em seu aniversário.    

   Como previsto Daniel exultante pulou para cima da mãe a abraçando e agradecendo a todo a minuto, ele pegou o violino na mão e admirou-o , sua mãe tinha lhe dado o melhor presente que já ganhara na vida. O jovem passou a treinar, pesquisar por aulas e, depois de tantas buscas para o curso, ele e sua mãe encontraram algo que cabia dentro de seus orçamentos. E logo, iniciou o seu aprendizado, aprendendo então, os nomes de cada parte do violino, e as notas das cordas. Daniel estava em um turma nova, todos os alunos ainda eram calouros, depois da aula chegava em casa e tocava o resto do dia , seu pai começou a reclamar pois o ruído era muito alto e o incomodava, pois precisava descansar, Daniel começou a tocar no fundo de casa, e as vezes, seu pai o espionava com um sorriso orgulhoso, enquanto ele tocava sua mão o observava em silencio, ele se angustiava por não conseguir, porém, Melina o dava força . Inicialmente saia somente por barulhos irritantes do violino. Ele fechava os olhos e deixava o barulho entrar em seus ouvidos, sendo irritante ou não. Com duas semanas Daniel já estava a tocar em um som menos irritante, enquanto outros alunos corriam atrás disto. O professor notou que Daniel tinha facilidade em desenvolver tudo o que aprendia, mas, suas mãos oscilavam muito. 
- Daniel? – Chamou o professor Alexandre após terminar a aula do dia.
- Sim, professor.
- Que tal treinarmos um pouco mais o violino?
Daniel sem questionar abriu um largo sorriso e aceitou o convite. E passaram o resto do dia tocando e aprimorando o que ele tinha aprendido no dia, e como Alexandre suspeitava, Daniel conseguia tocar muito bem quando estava tudo em silencio e com os olhos fechados.
- Daniel, você tem um ótimo talento para o instrumento, você é o único que teve um avanço até agora. Porém, tem um problema, você treme muito , precisa acabar com isto. Faz o seguinte. – Instruiu Alexandre ao Daniel. – Não aperte nenhuma corda, apenas fecha os olhos e passa o arco nas cordas.
Daniel seguiu as instruções e, mesmo assim ainda tiritava muito.
- Você parece ser muito imperativo, tente ser o mais sereno que puder. – Advertiu-o Alexandre. -  Mais uma vez, esvazie a sua cabeça, feche os olhos, respira fundo e solta o ar somente quando começar a tocar.
E mais uma vez tentou, seguindo os comandos. O professor lhe disse para não desistir, pois, já enxergava que daquelas mãos viria um grande musico.

    E passando-se meses, Daniel superou a sua tremedeira, e já tocava diversas notas. Á esse tempo muitos alunos que iniciaram as aulas com ele, já haviam desistido, Daniel por outro lado, cada vez mais apaixonado pela a musica, e Alexandre seu professor começou a o levar para concursos e apresentações de instrumentos, onde o jovem começou a tornar-se mais conhecido por seu talento e sua singularidade, a cada vibrar das cordas ele flutuava sobre a melodia da canção. Seus pais o acompanhava em todas as apresentações e, sempre lhe dava apoio. Em todas as apresentações sobre aquelas luzes absurdamente brilhantes, antes de lançar a primeira nota, olhava para sua mãe e seu pai soltando um amplo sorriso para eles, e após, iniciava a sua melodia. Em todos os lugares que passava sempre tinha alguém que o conhecia, foi até mesmo apelidado de “Dan mãos mestrias” por ter uma grande excelência e perfeição ao tocar o violino. Dan, não estava contente por ter a fama,mas, sim em tocar canções em frente de todos e os vê sentir a harmonia daquilo que ele queria transmitir. O jovem tinha o hábito de tocar conforme o que sentira no dia, portanto, ele nunca ensaiara alguma musica antes da atuação, ele simplesmente subia ao palco, pegava seu violino, encostava seu rosto na queixara, e então respirava fundo, esvazia a sua cabeça e, soltava somente quando começava a tocar a primeira corda, e após, deixava a sua alma o guiar.  No palco um grande violinista, mas, longe dos holofotes um serralheiro junto de seu pai. Dan, estava com a agenda sempre lotada para apresentar as suas melodias, mas, nunca abriu a mão em ajudar o pai na serralharia.

    
      Aconteceu algo que o abalou fortemente. Enquanto limpava seu instrumento sua mãe cai no chão já inconsciente que imediatamente Daniel se levantou e, esqueceu que seu violino estava sobre seu colo, o instrumento partiu em pedaços no chão.  No hospital , após, vários exames, Melina é diagnosticada com uma doença já avançada. Daniel, ficou desamparado e angustiado com o que acontecera, ele nunca imaginou ter que enfrentar este obstáculo, mesmo que todos nós estamos sujeitos a altos e baixos, nunca estamos preparados para o pior. Tentando se manter firme pela a sua mãe que pedira isso a ele no hospital, por um descuido, Dan sofre um acidente na serralheria perdendo dois dedos da sua mãe direita a qual  usava para segurar o arco do violino, a partir disto, já não tocava mais e, mesmo que pudesse seu  violino estava destruído, além disso, uma grande tristeza devastava o seu coração e toda a sua vida, o jovem deixou que a dor tomasse posse dos seus sonhos, da sua historia e do seu futuro, ele não enxergava alguma luz que pudesse recupera-lo. Tocar era a sua grande paixão e a mãe era tudo para ele, então se afastou do palco por anos.



          Dan esta no palco de frente a toda aquela gente, assustado e amargurado por vê seu pai sentado em um das cadeiras da plateia sozinho, ele sorrir para o filho, mesmo sem a sua dentadura. Daniel trabalhou duro para sustentar o arco sem os dedos com um novo violino, não tem mais a idade e a euforia de quando era jovem, contudo, está preparado. Não sabe se dará certo tocar somente com três dedos, suas mãos começam a tremer. Ele fecha os olhos, enche o pulmão, e diferente do costume antigo, não esvazia a mente , pois, todas as lembranças de sua mãe, de todos os espetáculos que eles iam juntos, e a voz dela soa em sua memória dizendo: A luz sempre vai esta dentro de nós basta encontra-la. Sente uma lágrima rolar, e inicia a canção mais emocionante que já tinha tocada em toda a sua vida, sua alma, seu coração começou a guiar aquele arco em um desabafo e também em um agradecimento a sua mãe e, ao seu pai que sempre esteve com ele. O instrumento o trouxe de volta, ele resgata o que havia se perdido por anos, a paixão de um violinista.



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